O tratamento com Cannabis Medicinal funciona para TDAH?

O que é o Transtorno de Déficit de Atenção?

O transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (mais conhecido como TDAH) vem sendo cada vez mais discutido, diagnosticado e noticiado na atualidade. O transtorno teve sua primeira aparição no DSM (Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais) apenas no final da década de 1980, e nos últimos 20 anos, a quantidade de casos diagnosticados quase dobrou.   Atualmente, o TDAH é um transtorno que atinge aproximadamente 7% da população infantil e 2,5% dos adultos. À medida que a sociedade se torna mais consciente sobre as características e sintomas do TDAH, mais indivíduos vêm sendo identificados com o transtorno. Mudanças nas práticas de diagnóstico e a implementação de critérios mais abrangentes também ajudaram na melhor caracterização do TDAH. O aumento no número de diagnósticos é devido a fatores como o maior reconhecimento da doença por profissionais de saúde, além do aumento de diagnósticos em meninas e mulheres.

 

Quais são os sinais do TDAH?

O TDAH é caracterizado por desatenção, hiperatividade e impulsividade, além de vir, geralmente, acompanhado por desregulação emocional, deficiências cognitivas, inquietação, divagação mental, incapacidade de relaxar ou de se concentrar e outras comorbidades psiquiátricas. Mais da metade das crianças e adultos com TDAH apresentam comorbidades psiquiátricas, como distúrbios do sono, transtornos de humor e ansiedade e transtorno desafiador de oposição.

 

Como diagnosticar o TDAH?

A natureza diversa do TDAH, junto de critérios mais abrangentes para o diagnóstico, traz diversas possíveis implicações. Os critérios para diagnosticar o TDAH, trazidos pela DSM IV (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais), incluem descrições de 9 sintomas em cada um dos dois domínios presentes, a desatenção e a hiperatividade/impulsividade. Diferentes subtipos podem ser definidos (Predominantemente Desatento, Predominantemente Hiperativo, Impulsivo, Combinado).  Segundo o DSM-5, esses sintomas devem ser desproporcionais ao nível de desenvolvimento do indivíduo e aparecer em diferentes contextos, como no trabalho ou na escola. Além disso, é crucial que esses sintomas causem um impacto significativo nas áreas social, acadêmica ou ocupacional.  O diagnóstico de TDAH deve ser realizado por um profissional de saúde qualificado. Isso geralmente inclui médicos especializados, como psiquiatras ou pediatras, e psicólogos clínicos. Esses profissionais são treinados para avaliar os sintomas e considerar o histórico do paciente para fazer um diagnóstico preciso.

 

Como funciona o tratamento?

O tratamento do TDAH costuma adotar uma abordagem multidisciplinar, envolvendo diferentes profissionais de saúde e educação para oferecer um suporte abrangente. Esse modelo inclui:

  • Medicação: prescrita por psiquiatras ou médicos, a medicação pode ajudar a controlar sintomas como desatenção, hiperatividade e impulsividade. Existem medicamentos estimulantes, assim como opções não estimulantes.
  • Psicoterapia: psicólogos clínicos ou terapeutas especializados frequentemente conduzem sessões para desenvolver estratégias de manejo de comportamento, ajudar a melhorar habilidades organizacionais e de autorregulação, e lidar com desafios emocionais associados ao TDAH.
  • Apoio no ambiente escolar: educadores e especialistas em necessidades educacionais especiais colaboram para implementar adaptações no ambiente escolar, como planos de ensino individualizados (PEI) e técnicas de ensino diferenciadas, para apoiar o aprendizado e o desenvolvimento acadêmico das crianças com TDAH.
  • Psicoeducação: este aspecto do tratamento envolve fornecer informações e estratégias para a família, ajudando os pais e pessoas envolvidas no cuidado a entender melhor o TDAH e a adotar práticas que suportem o manejo dos sintomas em casa e em outros contextos.
  • Acompanhamento contínuo: o tratamento do TDAH é dinâmico e frequentemente exige acompanhamento regular por uma equipe de profissionais, incluindo médicos, psicólogos e educadores, para ajustar as intervenções conforme necessário e garantir a eficácia do plano de tratamento, assim, melhorando suas habilidades de interação e comunicação, facilitando a construção de relacionamentos positivos e a integração social.

 

Cannabis Medicinal e o TDAH

As investigações dos novos alvos farmacológicos para o TDAH também são importantes, pois podem levar à descoberta de novos mecanismos subjacentes ao transtorno e, potencialmente, ao desenvolvimento de novos tratamentos. No caso do TDAH, os tratamentos estimulantes convencionais nem sempre são eficazes ou bem tolerados, e a resposta parcial é comum.  

Cada vez mais, há um reconhecimento de que a Cannabis Medicinal pode ser uma alternativa de tratamento para o TDAH em adultos. Uma possibilidade é que os canabinoides melhoram a transmissão da dopamina no cérebro, melhorando assim o desempenho cognitivo.

Para além da farmacoterapia de primeira linha com estimulantes, diversos pacientes e profissionais da saúde frequentemente indicam e defendem o uso de Cannabis para alívio dos sintomas de TDAH. Um estudo piloto com 30 adultos sobre o uso de Cannabis no TDAH mostrou que os pacientes melhoram os sintomas de hiperatividade/impulsividade.

Atualmente, muitos pacientes consomem combinações de cultivares de Cannabis, adaptando o seu próprio tratamento específico por tentativa e erro, tornando a dosagem dos constituintes canabinóides e terpenóides diferente para cada paciente. Na ausência de dados científicos, os relatos de casos são valiosos para apresentar novas observações, gerar hipóteses e fornecer exames aprofundados de um assunto de estudo, bem como das condições contextuais relacionadas.

 

Novas Pesquisas e o Tratamento com Cannabis Medicinal

Apesar dos estudos já publicados, as pesquisas relacionadas ao tratamento com a Cannabis Medicinal na saúde dos pacientes ainda continuam, pois ainda há muitas perguntas a serem respondidas. É importante ressaltar que o tratamento com Cannabis não trata todas as condições clínicas, porém, com base nos estudos científicos, a terapia canabinoide pode ser atualmente uma excelente alternativa para pacientes que sofrem com alguma patologia e que não respondem bem aos tratamentos convencionais.  Consulte um profissional de saúde qualificado para abordar o melhor tratamento para o seu caso. Na plataforma da Cannafy, você consegue agendar sua consulta presencial ou via telemedicina de maneira rápida e totalmente on-line para iniciar o seu tratamento. 

 

Referências:

  1.  https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC6324288/
  2. Cooper, R. E., Williams, E., Seegobin, S., Tye, C., Kuntsi, J., & Asherson, P. (2017). Cannabinoids in attention-deficit/hyperactivity disorder: A randomised-controlled trial. European neuropsychopharmacology : the journal of the European College of Neuropsychopharmacology, 27(8), 795–808. https://doi.org/10.1016/j.euroneuro.2017.05.005  
  3.  Hergenrather, J. Y., Aviram, J., Vysotski, Y., Campisi-Pinto, S., Lewitus, G. M., & Meiri, D. (2020). Cannabinoid and Terpenoid Doses are Associated with Adult ADHD Status of Medical Cannabis Patients. Rambam Maimonides medical journal, 11(1), e0001. https://doi.org/10.5041/RMMJ.10384
  4. Tripp, G., & Wickens, J. R. (2009). Neurobiology of ADHD. Neuropharmacology, 57(7-8), 579–589. https://doi.org/10.1016/j.neuropharm.2009.07.026
  5. Mansell, H., Quinn, D., Kelly, L. E., & Alcorn, J. (2022). Cannabis for the Treatment of Attention Deficit Hyperactivity Disorder: A Report of 3 Cases. Medical cannabis and cannabinoids, 5(1), 1–6. https://doi.org/10.1159/000521370
  6. Mitchell, J. T., Sweitzer, M. M., Tunno, A. M., Kollins, S. H., & McClernon, F. J. (2016). "I Use Weed for My ADHD": A Qualitative Analysis of Online Forum Discussions on Cannabis Use and ADHD. PloS one, 11(5), e0156614. https://doi.org/10.1371/journal.pone.0156614
Comentários (0)
Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site.
Nenhum comentário. Seja o(a) primeiro(a) a comentar!