Qual a diferença entre THC e CBD?

A planta da Cannabis sativa apresenta mais de 500 compostos, dentre eles: fitocanabinoides, terpenos, flavonoides, fenóis, glicosídeos, aminoácidos, vitaminas, entre outros. O maior grupo e o mais importante pertence aos fitocanabinoides, são eles que interagem com nosso sistema endocanabinoide e promove diferentes efeitos terapêuticos.

Os compostos Δ9-Tetrahidrocanabinol (Δ9-THC ou THC) e o Canabidiol (CBD) são os principais fitocanabinoides e os mais abundantes encontrados na planta. Com a descoberta do sistema endocanabinoide, muitos pesquisadores começaram a se debruçar a compreender o mecanismo de ação dessas substâncias e quais efeitos terapêuticos e prejudiciais elas poderiam ter em nosso organismo.

Hoje, existem mais de 1.400 artigos publicados quando a palavra-chave é “Medical Cannabis”, 1.177 utilizando a palavra “CBD” e 1.421 utilizando a palavra “THC”. Todos esses números foram adquiridos da Pubmed, o site mais confiável quando o assunto é pesquisa de banco de dados de artigos publicados em revistas indexadas. Os artigos abordam desde os estudos sobre as estruturas químicas de ambas as substâncias até seus diferentes mecanismos de ação, em experimentos in vitro (células), in vivo (animais) e na clínica (humanos), buscando compreender melhor seus efeitos em diferentes patologias.

Agora vamos entender melhor sobre cada uma dessas moléculas.

 

Δ9-THC (Delta-9 THC ou THC)

O Δ9-Tetrahidrocanabinol (Δ9-THC) é o composto mais encontrado na planta da Cannabis sativa e é considerado uma substância psicotomimética. Mas qual a diferença entre uma substância ser psicoativa ou psicotomimética?

Uma substância psicoativa é toda aquela que é capaz de alterar o sistema nervoso central, modificando o funcionamento do cérebro. As substâncias psicoativas podem causar alterações no humor, na percepção, no comportamento e nos estados de consciência. A nicotina, por exemplo, pode ser considerada uma substância psicoativa, pois modifica o estado emocional e comportamental de quem a consome.

Já uma substância psicotomimética é aquela que pode produzir uma série de distorções qualitativas no funcionamento do cérebro, como delírios, alucinações e alterações na senso-percepção, podendo causar sintomas semelhantes à psicose. No entanto, no uso medicinal da Cannabis, o percentual máximo de THC permitido para os produtos importados é de apenas 0,3%. Essa concentração baixa é suficiente para prover uma série de benefícios aos pacientes, incluindo o efeito comitiva, ao mesmo tempo em que os efeitos psicotomiméticos do componente não são percebidos pelo corpo humano.

Por ser uma substância que pode causar esses efeitos indesejados, a planta foi estigmatizada, causando um grande preconceito. Muitos medicamentos “tarja-preta” no mercado também são psicotomiméticos e causam efeitos colaterais até mais graves que os citados acima, e mesmo assim são consumidos por uma grande parte da população mundial. Um excelente exemplo são os benzodiazepínicos, que possuem um potencial de dependência muito superior ao do Δ9-THC.

Deixando o preconceito de lado, vemos que o Δ9-THC é um excelente medicamento que pode ser utilizado para auxiliar no tratamento de diversas doenças, principalmente para dores crônicas (enxaqueca, fibromialgia, artrite reumatoide), dor pós-cirúrgica, câncer, potencial antiemético (diminui náuseas e vômitos em pacientes que fazem tratamento com quimioterápicos), ajudo no glaucoma, depressão e nas doenças neurodegenerativas como Parkinson e Alzheimer.

 

Diferenças entre o uso medicinal e recreativo

O uso tanto medicinal quanto recreativo da Cannabis sativa é milenar, mas existem diferenças importantes entre os dois que precisam ser levadas em consideração:  

Origem: o Δ9-THC medicinal é extraído da planta que é cultivada especialmente para fins terapêuticos, enquanto a substância para fins recreativos pode vir de diferentes locais, muitas vezes não regulamentados.

Pureza e dosagem: os medicamentos à base de Cannabis passam por um rígido controle de qualidade, identificando sua pureza e dosagem. No uso recreativo, a variabilidade é maior, pois não existe esse tipo de controle na maior parte dos casos.

Acompanhamento: o uso medicinal envolve prescrição e acompanhamento médico para avaliar as reações do paciente e para ter o ajuste dose necessário. O uso recreativo é usado sem supervisão e o consumidor, pela falta de regulação, nunca sabe o quanto e o que ele está colocando para dentro do corpo.

Efeitos: os óleos que contém o Δ9-THC e que são importados para o Brasil, apresentam 0,3% de Δ9-THC e são normalmente associados a uma concentração de 10-20% de CBD. Essa associação faz com que os efeitos psicotomiméticos Δ9-THC sejam são minimizados ou até mesmo anulados, pois o Δ9-THC e o CBD possuem efeitos opostos no sistema nervoso central, enfatizando assim os efeitos terapêuticos de cada substância. O uso recreativo, por sua vez, busca potencializar os efeitos sensoriais e alucinógenos da planta.

Riscos: o uso medicinal é mais controlado e monitorado, sendo portanto mais seguro. O uso recreativo traz muito mais riscos pelo uso inadequado e pela falta de controle sobre o que está sendo consumido.

 

CBD

O canabidiol (CBD) é a segunda substância mais encontrada na planta Cannabis sativa e a mais estudada, devido ao seu potencial terapêutico e por não ser uma substância psicotomimética. O CBD é uma substância psicoativa, pois altera o funcionamento do sistema nervoso central, mas não é psicotomimética, pois não apresenta os efeitos semelhantes ao da psicose. O CBD é muito bem tolerado e não apresenta efeitos colaterais graves. Os efeitos colaterais, quando há a ingestão de grandes quantidades, vão de leves a moderados, como: alterações no sono, perda de apetite, distúrbios gastrointestinais, perda de peso, alterações de humor, entre outros.

Um dos primeiros estudos realizados como CBD, foi relacionado ao seu uso em casos de epilepsia. Atualmente, já são muito bem documentados e pesquisados os efeitos antiepilépticos e anticonvulsivantes do CBD. Na verdade, a luta das mães de crianças com epilepsia para a importação legal do óleo de CBD para o tratamento de seus filhos foi o que deu início à regulamentação e acesso ao tratamento com a Cannabis Medicinal no Brasil.

Com os passar dos anos, as pesquisas demonstraram que além de um excelente antiepiléptico, o CBD também é anti-inflamatório, analgésico, antidiabético, anticancerígeno, antibacteriano, ansiolítico, antipsicótico, ajuda em casos de insônia e doenças neurodegenerativas, auxilia no crescimento ósseo, entre outros. Essa gama de efeitos terapêuticos, se deve a sua capacidade farmacológica de se ligar em diferentes receptores e em diferentes tipos celulares, tendo a capacidade de modular diferentes vias de sinalização, fazendo com que a célula restabeleça o seu equilíbrio, chamada de homeostase celular.    

Com o conhecimento científico e clínico podemos entender melhor sobre o tratamento com a Cannabis Medicinal para auxiliar pacientes com diferentes patologias. A prescrição assertiva adquirida de profissionais que entendem sobre o funcionamento do sistema endocanabinoide e o acompanhamento para o ajuste ideal de dose para cada caso, leva o sucesso do tratamento. Na plataforma da Cannafy, você consegue agendar sua consulta presencial ou via telemedicina de maneira rápida e totalmente on-line para iniciar seu tratamento.

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